2014-06-23 15:58:45 (UTC+02:00) Harare, Pretoria
Carreira de um mendigo burlador
Hoje é segunda-feira, há sempre novidades do fim-de-semana. Depois de quatro anos de reflexão, decidi “acabar” com a carreira de um mendigo burlador. O jovem, na imagem, muitos que pelo menos andam pelas ruas da cidade de Maputo já o conhecem, ou poderão conhece-lo de hoje em diante.
Há sensivelmente quatro anos que conheço este jovem nas ruas da cidade. O conheci na avenida no semáforo da 25 de Setembro, aquele que situa perto do prédio Jat, ou seja, no cruzamento da rua que dá acesso ao ISCTEM. Ele é um mendigo de carreira. Decidiu assim, não porque afectivamente não há outras oportunidades. Na altura abordo, do meu Toyota Starlet, depois duma parada no semáforo fazia de chamar o jovem para eu lhe entregar entre cinco a 10 meticais. O chamava porque o forte dele é de só se dirigir a carros de alta cilindrada, do tipo Audi, BMW, Mercedes Benz, Hummer por ai. Um dia desses decidi comprar quatro pães no “Azis” para “doar” o meu mano, mas mandou-me passear com a minha oferta.
Passaram dias, meses, descubro que meu mano mendigo já não estava naquela esquina do 25 de Setembro. Um susto bateu em mim. Cheguei mesmo a pensar que o pior tivesse acontecido. Acontece que apenas tinha requerido outros semáforos, desta feita, situados entre as avenidas 24 de Julho e Vladimir Lenine, ai bem perto da Contabilidade Pública, para mais um exercício de colecta de dinheiro aos automobilistas bem selecionados.
Há trinta dias, quando ia fazer o rancho de “sexta-feira”, no Mercado Estrela, deparei-me com o meu mano mendigo a beber Super Bock, 5/100, no Mandhevu. Estava ele e mais três jovens, bem grifados. Aquela tremedeira que o mano faz ai nas avenidas estava bem curada. Pergunto a ele se me reconhecia. Ele disse sim, apesar de ter saído (eu) umas bochechinhas. Eis o papo:
Eu – queres dizer que bebes por aqui?
Ele- sim, é a minha esquina depois da minha jornada de trabalho na 24 de Julho
Eu- Mas la na rua tens aparentado tremedeiras e aqui estás são…
Ele- Mano, é uma forma de viver, mas não divulgue o segredo, faz parte da vida.
Eu – Zzzzzzzzzzz (congelei)
Hoje decidi passar pela 24 de Julho, com missão única de cumprimentar o meu mano mendigo. Colectou, colectou, colectou… só depois veio ter comigo. Mano, vi teu sinal quando me chamaste, mas não dava vir porque semáforos estavam fechados e é hora do meu trabalho… quero te pagar aquela sua Black Label, precisou.
Pessoal, como acabar com isto? Porquê ainda continuamos a alimentar mendigos nas ruas, que por vezes têm mais, em termos de posse, mas que nós? Contaram-me, há dias, que há uma senhora-mendiga da Av. Julius Nyerere, proprietária duma casa tipo 3, com água e luz e que no final do dia a quem vem buscar ela de carro.
Por hoje é tudo, pra semana há mais…
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