Só para informar que o “mendigo-burlador” mudou de esquina

Caro leitor, estamos numa luta titânica em procurar formas de como o jovem na imagem, diagnosticado que goza de boa saúde, a medir pelos metros cúbicos de cerveja, que vira no final da sua jornada “laboral” , saia da rua e faça uma actividade que possa lhe dar alguma responsabilidade, como pessoa.

Depois da semana passada ter publicado, neste mesmo espaço, um artigo que falava das cervejas que o jovem consumia depois duma jornada de extorsão aos automobilistas sob capa de mendigo, eis que recebi quatro propostas concretas de trabalho que um jovem, com aparência de idade como esta pode exercer e viver honestamente a vida.

Das propostas que recebi, fiz questão de encaminhar ao jovem quando ainda estava na esquina entre as avenidas 24 de Julho e Vladimir Lenine, dois dias após a publicação do texto que por muitos foi partilhado nas redes sociais. Pelo menos as três primeiras propostas formais que caíram na minha caixa de email fixavam o valor de entre cinco e sete mil meticais e este último, o máximo, era para regar plantas num dos quintais arredores da cidade de Maputo. Simplesmente, o jovem, mandou passear as “minhas” propostas.

Em algum momento, cheguei a pensar que isso deriva do facto de eu não ser um especialista que possa convencer este jovem a mudar de vida, da extorsão à vida honesta, mas como a mendicidade me preocupa, e também constatei que não era preocupação exclusivamente minha, fui ter com aqueles jovens artesãos que costuram cestos, cadeiras, armários (…), ao lado do restaurante Surf, passe a publicidade, apresentei a preocupação do jovem mendigo e simplesmente disseram que igualmente já tentaram dar lhe uma oportunidade naquela actividade diária deles, mas simplesmente foram ignorados.

Na sexta-feira passada passei pela mesma esquina onde o jovem mendigo exercia a sua actividade de extorsão, não o vi e fiquei convencido que já tinha ganhado alguma consciência, mas para sábado, eu em cavaqueira (termo usado com frequência com o meu amigo Mahanjane), recebo uma identificação duma foto do meu amigo do Facebook Edson Cesar, a informar que o jovem tinha mudado, apenas, de esquina, mas a sua actividade continua, agora com gestos que mais dão pena a qualquer um.

Hoje, segunda-feira, tratei de passar pelas avenidas Kim Il-sung e Mao Tse Tung para confirmar e cheguei a conclusão de que estou a perder a cada batalha de o retirar da rua. Peço ajuda: como podemos fazer para que jovens daqueles, ou iguais aos que ficam nas farmácias amarrados a ligaduras e com prescrição de receitas, não sei de que ano, dizem “Mano, peço alguma moeda para acrescentar. Só me faltam 60 meticais para comprar medicamentos” e para o espanto se regressar no mesmo posto ainda corre risco de lhe pedir, de novo, 60 meticais.

Aquele abraço, espero que Produzamos mais para um Moçambique Melhor…