Folha de Maputo
2014-09-24 15:22:49 (UTC+02:00) Harare, Pretoria

Debate sobre continuidade e mudanças

Por Adelino Buque

O candidato de um dos partidos concorrentes a Presidência da República, que esteve em “lugar incerto” por muito tempo, a primeira aparição dele para falar do seu programa de campanha, duas semanas depois da abertura oficial disse o seguinte em relação aos outros concorrentes “se o discurso do Nyusi for esse de continuidade, já perdeu! Continuar o quê” relativamente ao outro candidato, simplesmente considerou-o de sua “criação politica” pelo que, sem capacidade de ombrear com o seu mentor.

Devo recordar, ao estimado leitor que, antes dessa aparição pública, esse candidato comunicava-se com os membros seniores do seu partido do referido “lugar incerto” e, depois da assinatura dos acordos entre o governo e o partido que o suporta, desdobrou-se em vídeo-conferência a partir desse “lugar incerto” com as populações moçambicanas e especialmente com os seus membros e militantes, não existe história de tal forma de comunicação com as populações no período que antecedeu a assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma Itália.

Quando diz continuar o quê, teria ignorado a importância desta comunicação, quer com os seus quadros quer com a imprensa nacional e estrangeira e ainda com as populações e seus membros e militantes! Ou considera que, não existe mais nada acima daquelas tecnologias.

Este exemplo é, na minha opinião, daquilo que deve ser continuado, a aposta nos sistemas de comunicação de voz, vídeo e escrito, trata-se de um pilar importante na vida das pessoas, mesmo do “lugar incerto” acredito que falava com os seus familiares para os tranquilizar sobre o seu estado de saúde e outras informações relevantes, quero acreditar que, ao questionar em que continuar, este candidato estava simplesmente equivocado.

Outro aspecto de realce é, quando saiu das matas de Gorongosa, na presença dos embaixadores que foram recebe-lo e oferecer conforto e certeza de segurança, disse em bom som que “os americanos, os europeus e outros investidores podem trazer biliões e biliões de dólares para investirem em Moçambique” ora, uma das áreas de investimento que constitui uma frente de mobilização é sem duvidas a exploração dos recursos minerais e hidrocarbonetos em Moçambique, para tanto, o governo submeteu a Assembleia da Republica a Lei atinente a esta matéria que foi aprovada na ultima sessão ordinária, na minha opinião, cabe ao governo que for eleito regulamentar esta lei por forma a torna-la útil aos diferentes interessados, assunto por continuar.

Mas existe muito mais, no dia 5 de Setembro do corrente, numa cerimonia publica, o Presidente da Republica Armando Emílio Guebuza e o Presidente do Partido Renamo, Afonso Dhlakama, rubricaram um acordo de cessação das hostilidades, por ocasião deste acto e, para que o referido documento tenha a utilidade que se pretende, o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza anunciou a criacao de um Fundo de Paz e Reconciliação, trata-se de um objectivo a ser implementado no período pós-eleitoral, assumindo que o candidato da Frelimo é um homem de palavra, pretende continuar esta ideia do Presidente cessante, por ocasião das eleições de 15 de Outubro, nada mais justo.

As populações sem capacidade de bancarização, que beneficiaram de fundos de desenvolvimento distrital, estavam cépticos em relação a este modelo de desenvolvimento iniciado pelo Presidente Armando Guebuza e, já questionavam se haveria ou não continuidade da alocação desses dinheiros conhecidos por sete milhões, Filipe Jacinto Nyusi, que também é conhecedor da realidade Moçambicana, não só garante a continuidade como o reforço destes recursos de desenvolvimento, que constituem, por si só, a forma mais equilibrada de distribuição de riqueza nacional.

A lista de assuntos por continuar vai longa, acredito que, o estimado leitor está rebuscando outras situações susceptíveis de continuidade pelo governo que se seguir, parece ouvir-te a dizer “é preciso continuar a potenciar a rede viária, as pontes, as fontes de energia, mecanizar a agricultura etc., etc.” Devo dizer que, concordo consigo, também não era minha intenção esgotar matérias merecedoras de continuidade.

Agora, vamos tratar das mudanças. Existem analistas que dizem que Nyusi está “preso” a maquina partidária de interesse duvidosas por isso não fará mudanças, na minha opinião, existe um grande equivoco neste pensamento, um dos grandes desafios do Filipe Nyusi é mudar a percepção das populações sobre os benefícios da exploração dos recursos naturais, a sociedade civil, de forma organizada, tem se manifestado contra a forma como as populações são tratadas, quer do ponto de vista de assentamento, quer do ponto de vista das consultas para se viabilizar um projecto de grande impacto, Filipe Jacinto Nyusi, ciente que existem casos de aberração real nos processos, resultantes da forma de interpretação legislativa, evidentemente que, ira mudar esse estado de coisas.

Filipe Jacinto Nyusi, já veio a publico dizer que “o povo não come carvão e nem bebe gás” esta afirmação, insere o reconhecimento de que, as politicas actuais, apesar de não excluir a produção de alimentos, não se dá a devida atenção, vem daí que, no seu programa de governação, Filipe Nyusi fala de agricultura mecanizada, com uso de fertilizantes e pesticidas, sementes melhoradas e extensionistas do estado no controlo de pragas e outras doenças, numa palavra, controlo fitossanitário, como chaves de produção e produtividade, na minha opinião, só mudar o paradigma actual de produção agrícola, seria um ganho bastante grande para a sociedade moçambicana, mas, ainda há mais …

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