Folha de Maputo
2015-04-05 14:46:58 (UTC+02:00) Harare, Pretoria

Dhlakama desmente Dhlakama!

Por Gustavo Mavie – AIM

A tese que reza que a mentira tem pernas curtas, ficou mais uma vez provada, no último sábado, quando Afonso Dhlakama tentou, em vão, justificar o ataque levado a cabo na tarde da última quinta-feira, pelos seus homens armados que ele se recusa a desmobilizar, contra uma posição das Forças de Defesa e Segurança estacionadas na zona de Guija, na província de Gaza, no sul do Pais.

Nessa sua tentativa de justificar este ataque injustificável e que só prova que é contra a Paz, Dhlakama disse a alguns jornalistas, como os da STV, que foi forçado a movimentar esses seus homens do centro para o sul do país, para que possam escapar ao cerco a que, segundo ele, está a ser feito contra eles pelas tropas moçambicanas na zona centro do país, onde os mantinha desde que ele assinou, a 05 de Setembro do ano passado, o Acordo de Sessação das Hostilidades com o antigo Presidente, Armando Guebuza.

Na verdade, esta explicação de Dhlakama é uma fuga em frente. Melhor dito, é uma mentira do tamanho do Mundo, dado que já a 05 de Fevereiro deste ano, Dhlakama anunciou, a viva voz, através da mesma STV e outros medias do país, que caso tenha de voltar a fazer a guerra para forçar o Governo a aceitar a sua intenção de criar uma Nova Republica Autónoma no Centro e Norte do Pais, já não iria disparar nestas regiões, mas sim ‘’lá em Maputo’’, isto é, no Sul (de Moçambique).

Como se pode ver, ele está a movimentar, melhor dito, a transferir os seus homens do centro para o sul, para operacionalizar a sua estratégia militar de matar só as pessoas do sul, melhor, que vivem no sul, porque as encara agora como seus inimigos, e não mais os compatriotas que vivem nas tais seis províncias que ele agora está fazendo tudo que está lhe sendo ordenado pelos seus patrões estrangeiros, para que passem a ser parte dessa sua Nova República.

Portanto, quando diz que está a movimentar os seus homens para o Sul para escaparem ao cerco do exército moçambicano, está a mentir, e quem o desmente não sou eu nem mais ninguém mas ele próprio. São as suas palavras que ele próprio proferiu a 05 de Fevereiro último. É por isso que digo em título que Dhlakama desmente Dhlakama!

Esta proclamação belicista feita por Dhlakama a 05 de Fevereiro último, portanto, há já dois meses, de que só atacaria Maputo, levou-me então a escrever, no dia seguinte, 06 de Fevereiro, um artigo com o título DHLAKAMA ACABARA` MATANDO SEUS FILHOS E PARENTES COMO MEMBROS DA RENAMO, e que foi publicado em vários jornais, incluindo no Notícias.

Nesse artigo, alertava Dhlakama que em Maputo vivem até os seus próprios filhos, como muitas outras pessoas ligadas ao seu Partido, bem como outras que são oriundas das tais seis províncias que agora diz que passarão a ser suas Autarquias Provinciais.

Para que o caro leitor saiba ou se lembre do que dizia nesse artigo, aqui transcrevo alguns dos seus trechos: ‘’Quando vi Afonso Dhlakama na noite da última quinta-feira (neste caso dia 05.02.2015), através da STV, proclamar, em tom colérico, como é próprio dum desesperado, que em caso de ter que voltar a mover mais uma guerra, para forçar a Frelimo a aceitar a sua apregoada República do Centro e do Norte, não mais disparara` em Gorongosa ou Muxungué, mas sim, lá em Maputo, conclui que ele está de facto muito desorientado, como bem o dizia, há cerca de dois meses, o jornalista Fernando Lima, do Savana, num dos programas da mesma STV. Tanto quanto pude aperceber-me desta logica errónea de Dhlakama, ao anunciar que desta vez só disparara` em Maputo, quis com isso transmitir a mensagem de que iria matar só as pessoas do Sul, e que, dentro desta sua lógica a todas as luzes condenável, seria o mesmo que matar só e tao somente os nativos do Sul que ele rotula tribalisticamente de machanganas, que para ele passarão agora a ser estrangeiros que não o suscitam nenhum sentimento de pena ou de humanismo.

Cheguei a esta conclusão, em função duma das afirmações do próprio Dhlakama, e que a STV destacou em repetição durante a manha de sexta-feira, de que para que eles (lá no Sul) não digam que estamos a nos matar entre nos mesmos (cá do Centro e Norte), desta vez não dispararei em Gorongosa, mas lá em Maputo’’. Esta visão de Dhlakama de que há os do Sul apenas e os do (tal) Centro e Norte que agora ele quer autoproclamar-se seu presidente, como se fosse um Rei dos tempos feudais, revela que ele padece duma grande utopia sobre a real composição do povo moçambicano em cada uma das 11 províncias que perfazem o nosso Pais. É a prova mais irrefutável de que ele está de facto muito DESORIENTADO.

É interessante que quando estava a ver Dhlakama dizer estas baboseiras através da STV, estava comigo uma criança de 14 anos que ao ouvir estas suas ameaças belicistas, diria muito preocupada, que ele acabará matando cá em Maputo os seus próprios filhos, parentes, amigos e até muitos dos membros e simpatizantes da sua própria Renamo que também vivem aqui mesmo em Maputo, onde ele ameaça agora regar com balas sem justa causa. De facto, esta criança desvendou uma grande verdade, dado que pelo menos sei que alguns dos filhos de Dhlakama, como um que é seu chará, e que é mais chamado pelo diminutivo Afonsinho, vivem aqui em Maputo juntamente com a mãe deles, a Dona Rosália, como vivem aqui e trabalham, muitos outros dos seus parentes, como a sua sobrinha, Ivone Soares, e que é uma das deputadas eleitas pela Renamo nas últimas eleições ganhas pela Frelimo e pelo Eng. Filipe Nyusi, do mesmo modo que aqui vive o seu sobrinho e politico, Yacub Sibindi, como vivem aqui muitos membros do seu partido, destacando-se o seu porta-voz, António Muchanga, o seu antigo porta-voz, Fernando Mazanga, ambos changanas em termos tribais, e que, só por isso, os poderá matar também, e muitos e muitos outros que não cabem nesta enumeração, para não falar de centenas de milhares de naturais ou descendentes das tais seis províncias que ele diz que faraó parte dessa sua República Autónoma que não passara de intenção, e que poderia mata-los aqui em Maputo, se for a disparar sobre esta nossa capital. É que em Maputo vivem moçambicanos de todas as tribos existentes nas 11 províncias do nosso país, do mesmo modo que há moçambicanos oriundos de Maputo que vivem em todas nas outras províncias do nosso país, incluindo nas seis que ele diz que lhe pertencem, só porque houve um pouco mais de metade dos seus residentes, que votaram nele’’.

COM ESTE ATAQUE DHLAKAMA VOLTA A REVELAR QUE AMA A GUERRA

Com este ataque, ele não só violou militarmente já o tal Acordo que assinou com Guebuza a 05 de Setembro, como voltou a revelar que só ama a guerra e não a paz, porque não há razão que justifique que ele esteja a agrupar de novo os seus homens armados e, pior que isso, faça ataques.

Isto mostra claramente que mantém a sua agenda belicista que o levou a se instalar há três anos em Santungira, e que tanto quanto apurei na altura de fontes militares da própria Renamo que são contra este seu belicismo, esperava treinar lá 4000 homens que os iria distribuir depois equitativamente pelas 10 províncias do País, para desencadear uma onda de terrorismo. O seu objectivo então era impedir a realização das eleições gerais que agora tiveram lugar a 15 de Outubro, e que foram ganhas pela Frelimo e pelo seu então candidato, Eng. Filipe Nyusi, agora no leme do Estado moçambicano.

Com este ataque, Dhlakama quer mostrar que ele pode fazer uma nova guerra e assim pressionar a bancada da Frelimo a não chumbar o seu Projecto de Autarquias Provinciais, o que é uma metamorfose da tal sua Província Autónoma do Centro e Norte do País.

NÃO SERÁ DHLAKAMA IGUAL AOS LÍDERES DOS BOKO HARAMS E AL-SHABAAB?

Na altura em que Dhlakama estava ordenado matanças na região de Muxungue em Sofala, cheguei a compara-lo aos líderes dos Boko Harams que matam indiscriminadamente na Nigéria, e aos Al Chababes, da Somália, e que amiúde tem também assassinado inocentes nos países vizinhos, como o que acabam de protagonizar este último fim-de-semana, em que mataram cruelmente pelo cerca de 150 pessoas no Quénia.

Sei que os anti verdades dirão que estou a fazer uma comparação irracional, mas a estes gostaria de os perguntar se vêem mesmo razão que justifique este belicismo de Dhlakama? Antes diziam que é para punir a arrogância de Guebuza, mas agora há consenso de que Nyusi é duma humildade e simplicidade de se lhe tirar o chapéu. Mas mesmo assim Dhakama está a move-lo uma guerra, do mesmo modo que moveu contra Samora, Chissano e Guebuza.

Para mim, acho que o que cabe aos moçambicanos, é assumirem de vez para sempre, que Dhlakama é um inimigo de Moçambique e dos moçambicanos, porque age como aqueles certos romanos do tempo de Cícero, que se haviam tornado em inimigos de Roma, e que se viu a combate-los por todos os meios, tal como os nigerianos e somalianos estão a combater os Boko Harams e Al-shabaabs. Não há outra alternativa, porque como bem o diz o conceituado perito norte-americano em assuntos de guerra, Robert Greene, o problema que nos seres humanos, é que somos assim que nascemos somos treinados e preparados para a paz, e não estamos de modo algum preparados para o que nos confrontas no Mundo real – guerra.

Ele vinca que esta guerra existe em diferentes níveis, e que, por isso mesmo, temos que estar mais do que nunca preparados a nos defender. Se assim não tivesse sido, não seriamos hoje independentes. Foi preciso que na década de 60 encarássemos a tal realidade de guerra que nos era movida pelo colonialismo, e começarmos a lutar. Fizemos o mesmo contra os regimes racistas da região que criaram esta mesma Renamo.Eu amo muito a paz, e odeio tanto o belicismo.

Para começar, temos que mostrar a Dhlakama o nosso total repúdio a esse seu belicismo, como o fizeram este último fim-de-semana os quenianos, que saíram à rua em massa protestando contra aquela chacina. Não podemos optar pelo silêncio como o temos feito até aqui. Para tal, a nossa imprensa, pública e privada, devem condenar Dhlakama e nunca exaltar o seu belicismo.

Os que o exaltam, o encorajam e isso é muito mau. As gerações vindouras não irão construir estátuas sobre os túmulos desses jornalistas e aos outros que também o exaltam. Temos que nos que recordar e/ou saber que a guerra é tao ma para todos nos, e só será boa aos que usam Dhlakama para poderem nos dividir e assim apoderarem-se dos nossos recursos como se apoderaram dos do Iraque e da Líbia, só para citar alguns dos países que se deixaram dividir para que eles reinassem.
Dhlakama desmente Dhlakama!
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